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Kaffiyeh

Menino usando o Kaffiyeh
Menino usando o Kaffiyeh

Saiu na Veja São Paulo deste final de semana: os paulistanos estão adotando o kaffiyeh, o tal lenço palestino que o Balenciaga lançou no desfile de inverno há quase um ano.

A maioria das pessoas, senão todas as que estão usando, não sabem de onde vem nem seu significado. Usado pelos homens, representa a união das famílias contra a opressão do colonizador. No começo do século 20, os britânicos ocuparam muitos territórios no Oriente Médio, inclusive a Palestina. Os palestinos, então, lutaram contra a ocupação, usando todas as formas de resistência. Quando os britânicos se deram conta de que não seria uma tarefa fácil enfrentar os líderes da resistência, começaram a tomar as terras e os recursos dos locais.

Nos anos 30, o kaffiyeh tornou-se um símbolo da resistência da organização armada contra o roubo das terras. A maioria dos “soldados” eram camponeses que já usavam lenços e viviam nas montanhas ou em vilarejos, em contraste com os homens da cidade, que usavam o Fez.

O Fez turco
O Fez turco

 

Para escapar dos perseguidores, os membros da resistência escondiam-se em cidades e vilas maiores. Mas, usando o kaffiyeh, era fácil identificá-los. O exército britânico prendia qualquer camponês que estivesse usando o lenço para minar as forças da resistência.

Para evitar que isso acontecesse, todos os homens palestinos, fossem eles da cidade, dos vilarejos ou das montanhas, começaram a usar o kaffiyeh. Também não andavam mais com seus documentos de identificação. Essa ação de toda a sociedade palestina foi um grito de apoio à resistência.

Yasser Arafat, que usava o lenço enrolado na cabeça durante seu tempo na resistência e depois como presidente da Autoridade Nacional Palestina, também ajudou na divulgação do kaffiyeh. Mulheres e homens, jovens ou idosos, usam o kaffiyeh como símbolo da resistência e solidariedade com a luta do povo palestino.

Vejo com reservas essa popularização do símbolo, tão forte entre as pessoas que conhecem essa história. Será que podemos considerar seu uso indiscriminado um desrespeito à origem do objeto? Será que mudar sua cor para roxo, rosa ou amarelo causaria constrangimentos e ofensas? O kaffiyeh pode ser preto e branco ou branco e vermelho.

Não sei como essa história vai acabar… Mais um modismo que veio e que irá embora, mais uma forma de deixar todas as pessoas com caras parecidas, roupas parecidas… Não faz meu gênero. Fico com a opinião de Rita Wainer, estilista da 2nd Floor: “Em vez de usar um símbolo sem conhecê-lo direito, seria melhor optar por um lenço com estampa de florzinhas”. Ou de sapatinhos, pra não ofender ninguém…

Echarpe de Seda com sapatinhos à venda no met.org
Echarpe de Seda com sapatinhos à venda no Metropolitan Museum NY – http://www.met.org

 

PS. Falando em mundo árabe, tenho uma coisinha bem interessante pra vender… olha lá no QUER COMPRAR?