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“Aprenda a amar a solidão, ficar mais sozinho com você mesmo. A tragédia dos jovens de hoje é que eles se juntam para fazer barulho e agirem com agressividade, tudo para não se sentirem solitários, e isso é uma coisa triste. O indivíduo deve aprender desde a infância a estar bem quando está sozinho, pois isso não quer dizer solidão: isso significa não ficar entediado consigo mesmo. Uma pessoa que fica entediada quando está sozinha, pelo menos a meu ver, me parece uma pessoa em perigo.”

Andrei Tarkovsky

“Solidão não é estar sozinho mas ser incapaz de comunicar coisas importantes.”

C.G. Jung

“Quando eu me sinto sozinha hoje em dia, eu penso: ACEITE estar sozinha. Aprenda a lidar com a solidão. Faça um mapa da solidão. Aceite a presença dela, pelo menos uma vez na sua vida.  Esta é a experiência humana. Nunca use o corpo ou as emoções de outra pessoa como um arranhador para seus próprios desejos não realizados.”

Elizabeth Gilbert

arte de Luiza Pannunzio

 

Viver…

… como se não houvesse amanhã.

Não é isso que a gente sempre ouve? E vê, naquelas histórias de pessoas que descobriram que tem um doença terminal e resolvem fechar todas as contas, fazer tudo que nunca fizeram e dizer tudo que não disseram?

O que sempre me pergunto é: o que as impediu de fazer isso tudo antes de saber que o fim estaria, inevitavelmente, próximo?

Tem tanta coisa que nos distrai: o dinheiro pra ganhar, o trabalho pra fazer, a louça pra lavar, até mesmo a diversão que nos atrai (os filmes, os livros) e que, quer estejamos acompanhados ou não, nos proporciona uma alegria individual. Compartilhar não é postar foto em redes sociais: é dividir, é dar um pouco de si mas pegar um pouco do outro, trocar, dedicar tempo. E aquele momento hilário do filme fica mais engraçado ouvindo a risada ao lado.

E enquanto a gente vai compartilhando esses momentinhos de felicidade, a gente esquece que tudo isso, um dia, acaba. E não, isso não é tão triste quanto parece. Porque aceitando a finitude das coisas aceitamos, também, a plenitude de tudo, a grandeza daquele momento que não volta, a infinidade daquele segundo.

E todas as palavras que a gente não disse porque tinha medo da reação que poderiam causar, e todas as atitudes que a gente não teve por receio das implicações, parecem indispensáveis pensando na certeza do fim. Como a gente deixou passar aquela chance de dizer “você está lindo”? E aquele amigo que nunca ouviu um “morro de saudade de você, por favor, não suma”? E aquela ligação que foi ficando pra lá até não acontecer? Aquele “amo você” que só ficou no olhar? Será que deu pra perceber?

Muita gente pensa nos arrependimentos que pode ter na “hora da morte”. Mas e se a gente parasse pra pensar no que a gente pode fazer hoje, agora, quando estamos vivos e temos praticamente todas as chances ao alcance da mão? Não seria muito melhor? Talvez muito mais fácil? Mais ‘alcançável’?

Sem ser imprudentes, nem irresponsáveis, mas cheios de vontade de não ter arrependimentos, cheios de afetos pra distribuir, a gente pode se enriquecer ao longo da vida, não deixando as chances passarem por nós mas preenchendo lacunas, pra quando olharmos pra trás não vermos um monte de buracos, mas um caminho pavimentado de sorrisos e realizações. E amor, muito amor, que é a maior riqueza da vida.

Se você tivesse que dar um último abraço na sua vida, em quem você daria? Um último telefonema, pra quem seria? Um último beijo, quanto você se doaria? Então, é hoje. O que você está esperando?

Tudo por um “like”

Dias desses vi na televisão dois comerciais seguidos de produtos femininos cuja protagonista usava os tais produtos, fazia uma selfie, postava e sorria vendo o número de curtidas disparar. Primeiramente, não foram campanhas eficientes, pois nem me lembro dos produtos anunciados. Fiquei apenas com a imagem da pessoa sozinha fazendo a selfie e postando a foto, aguardando aprovação alheia. Fora o incômodo pela falta de criatividade das duas campanhas, vejo cada vez mais acontecer por aí esse “momento solitário de aprovação coletiva”, como se sentir-se bonita só fosse possível se mais algumas pessoas validassem.

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Complicado pensar que só o espelho não serve mais, só a autoestima não convence. Além disso, a contradição: falta segurança e sobra exibicionismo? Quem quer ver o que você está comendo, o que você está vestindo, o que você está vendo? Tudo me parece superficial e inútil. Há pessoas com milhares de seguidores em tudo que é rede social que não divulgam nada, absolutamente nada, de relevante. Claro que a vida não é só coisas sérias mas passar horas e horas gastando tempo precioso da nossa vida assistindo um show de egocentrismo e auto-promoção me parece ridículo.

Cada vez mais invisto no encontro, na amizade sem “likes”, nos passeios sem fotos, nas conversas sem interrupções dos bips dos celulares. Quando a gente perde a hora porque não perdeu tempo, quando o olho brilha não porque recebemos centenas de curtidas mas porque sabemos que aquela pessoa que está ali dedicou um tempo pra gente e que isso é a coisa mais preciosa do mundo.

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