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Burda Moden, Primavera/Verão, Outono/Inverno, 1956

A revista alemã Burda é famosa no mundo inteiro por ensinar gerações e gerações a costurar. Uma das primeiras revistas do mundo a encartar moldes prontos em tamanho natural, também era responsável por ‘popularizar’ técnicas de costura, moldes de grandes costureiros europeus e dar dicas para montar looks completos, incluindo o chapéu e as luvas. Eu sou fã desde criança e aprendi muito com suas páginas, mesmo estando em alemão, francês ou espanhol, como é mais fácil de encontrar (a revista em português de Portugal é raríssima). Aqui ficam algumas imagens dos croquis e algumas fotos da coleção de 1956, com toda a elegância e estilo Burda. Inspire-se!

Burda - 1956

 

Burda - 1956 - 2

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Burda - 1956 - noiva

 

E olha o que também estava acontecendo em 1956: Hitchcock filmava a segunda versão de O Homem que Sabia Demais, e Doris Day dava até palhinha na voz e no piano ao lado de Jimmy Stewart, cantando em português!

 

 

 

Mais tricô na gringa

O tricô (e o crochê!) reinou poderoso em muitos outros desfiles em Milão e NY. Pra inspirar e colocar nossas mãozinhas pra trabalhar…

Fotos do UOL e do Petiscos.

As imagens acima são do desfile da Missoni, que usou muito degradê de cor e patchwork, além das coloridas flores de crochê.

Colete com cintinho e cardigan fazendo as vezes de vestido, no Salvatore Ferragamo.

D & G, a segunda marca do Dolce & Gabanna, apostou no jacquard de tricô e muito volume. Linda mistura de tricô com renda e transparência.

Já a marca própria dos italianos, apostou na sofisticação dos acessórios e no preto com dourado.

Marc Jacobs também apostou no volume e nos fios felpudos. A listinha fina lembra a tendência marinheiro.

Tricô com Tricô na Prada

 

Não costumo acompanhar muitos desfiles de moda na gringa simplesmente porque não tenho tempo. Mas a Prada chamou minha atenção pelos comentadíssimos tricôs.

Pontos largos em saias e blusas, às vezes fazendo conjuntinhos, acessórios lindos (faixas de cabelo, bolsas e cintos) e o contraste da fofura das lãs com materias brilhantes, como o vinil. Sugestão minha: tricô fofinho com cetim fica lindo! O maior clima boudoir!

Clica aqui pra ver o desfile e dá uma olhadinha nas fotinhos aí embaixo (as fotos são do UOL e do Petiscos) e comece a tricotar já!

 

 

 

 

 

 

 

Customização vapt-vupt com tachas

 

Se você ainda não cansou das tachinhas (eu ainda não cansei) e pretende fazer uma customização rápida, fácil e indolor, pense nessa ideia:

 

 

Receita

 

Uma camisa masculina vintage

Umas 100 tachinhas niqueladas

Um alicate (pra dobrar os ganchinhos na parte de trás das tachas – mais explicações aqui)

Umas duas horas do seu tempo e bastante capricho.

 

PRONTO!

 

Inspiração abaixo:

 

 

Faça a sua!

 

Você é o que você veste

 

 

A menina linda aí em cima é a Karla. Ela adora vintage, como se pode ver, e tem muito talento pra misturar peças novas e clássicas. Sempre visito o blog dela. O motivo dessa foto estar aí é, obviamente, o casaco de pele.

Embora seja vintage e tenha sido adquirido num brechó, usar um casaco de pele é afirmar que, novo ou velho, você acha que é bonito. Muita gente adora casaco de pele e justifica a beleza de uma peça vintage dizendo que vale satisfazer um gosto com uma peça antiga e que nenhum animal foi morto por aquilo recentemente. Eu também achava que devíamos honrar o boizinho que morreu pra virar aquela bolsa linda que tá lá no brechó e que eu me sentia justificada em comprar.

Tá, é verdade que a morte não aconteceu ontem. Mas usar um casaco de pele, independentemente de quando esse animal foi morto, é aceitar que animais podem morrer pelo seu “direito” à beleza. E se o casaco foi usado 10, 100 ou mil vezes, ou tem 20, 30 ou 50 anos, pergunto:  isso faz alguma diferença em considerar a brutalidade da cena?

Então, se você acha chique usar um animal morto sobre o corpo, ótimo! Vá lá e compre seu casaco vintage. Mas se você odeia a ideia que um animal foi caçado ou criado para ser assassinado e ter sua pele removida, tanto faz se foi há 100 anos ou 1 mês, não use. Isso é declarar uma posição, é assumir o controle sobre suas decisões e saber usar a cabeça ao invés de simplesmente achar bonito e chique só porque tem um monte de editores de moda dizendo que é bonito e sempre será.

Karla, desculpe-me, mas não concordo com isso. Continuo achando que você é linda e se veste maravilhosamente bem e que podia ter ficado sem esse casaco. Exatamente o caso da foto abaixo, do Sartorialist. Dos quase 200 comentários, apenas alguns poucos se manifestaram contra a pele e foram tachados de exagerados, eco-chatos, eco-terroristas, imbecis ou simplesmente cafonas. Todo o resto elogiou dizendo como é lindo, como é chique, pode porque é vintage ou pode porque é bonito mesmo e dane-se!

 

 

Você está de que lado?

 

Você é o que você compra

 

 

Dia desses vi um documentário que me fez pensar bastante. Chama-se Procura-se e fala do comércio e das confecções do bairro do Bom Retiro, em São Paulo.

Primeira coisa que me chamou a atenção foi a pergunta que fizeram e que ficou no ar para ser respondida durante o filme: por que a roupa é mais barata? Se você respondeu que porque é atacado ou porque há incentivos, está só meio certo. A verdade é que muitas peças são feitas por pessoas em péssimas condições de trabalho, que aceitam receber qualquer coisa pelo que fazem, e por uma cadeia de eventos criminosa. Isso inclui imigrantes bolivianos que costuram uma calça por 75 centavos, contrabando de mercadoria vinda da China e até mortes pelo caminho.

No ano de 2008, a China declarou que exportou 12 mil toneladas de produtos para o Brasil. Mas sabe quantas entraram legalmente? Apenas 3 mil. O resto entrou sem pagar imposto, sem gerar empregos, às custas da saúde ou da vida de alguém. É verdade que até podemos apontar o dedo e dizer que o governo rouba e quem sonega impostos está certo. Mas isso seria apenas justificar um erro pelo outro.

Não é assim que tem que ser. Quando você se deparar com um produto falsificado, barato demais, vendido em circunstâncias suspeitas, pare pra pensar. Comprar esse produto alimenta uma rede de pessoas criminosas e endossa seu apoio à elas. Você pode se perguntar: “mas se só eu parar de comprar, que diferença vai fazer?”. Em termos imediatos e absolutos, nenhuma. Mas se cada pessoa pensasse assim na hora de justificar um roubo, um assassinato, uma única injustiça, poderíamos perder as esperanças de vez, não é?

Então, não se trata de mudar o sistema, o que requer políticas de incentivo às empresas e apoio aos trabalhadores, mas de não apoiá-lo. Se você vê a mesma jaqueta, que naquela loja custa R$120, por R$30 em outra, acredite, não é milagre. Não pense “é o meu bolso, sou eu quem vai sair ganhando, então dane-se! Vou pagar menos!”. Pare, pense e, às vezes, não compre. Provavelmente, você não precisa mesmo daquela peça.

E com certeza você terá mais tempo que se interessar pelo comércio justo, que gera empregos e renda, incentivos, consumo consciente e, no fim das contas, um país melhor. Parece pouco, quase nada, uma atitude simples de não comprar contrabando ou uma calça/blusa/qualquer coisa que tenha sido costurada por um boliviano faminto, num quarto escuro e inadequado para trabalhar. Mas vai fazer diferença pra você e pro futuro.

 

Digno de nota: a C&A e a Renner têm um programa de incentivo à cooperativas e pequenas empresas prestadoras de serviço. Isso inclui contratar apenas empresas que pagam os direitos de seus funcionários e os mantém em condições ideais de trabalho. Não é um exemplo a ser seguido?